domingo, 13 de julho de 2008

TOKUSATSU SONG!



A história dos tokusatsu song



Tudo começa nos anos 50, época que nasciam no Japão as primeiras produções tokusatsu ainda em preto & branco. A grande característica das músicas de heróis clássicos como Gekkou Kamen (1958), National Kid (1960) ou Akuma-kun (1966) eram as letras que basicamente exaltavam os heróis como defensores da paz e da justiça, quase sempre cantadas por coros infantis e com melodias simples e de fácil assimilação.




Na segunda metade dos anos 60, com o surgimento de séries como Magma Taishi (Vingadores do Espaço; 1966), Ultraman (1966) e Robo Gigante (1967), muitas das músicas passam a ser inspiradas em marchas militares, caracterizando bem a imponência dos guerreiros gigantes. Mas até ali as músicas de animes e tokusatsus não eram comercializadas, e só podiam ser escutadas nas exibições das séries na televisão.



Só no início dos anos 70 que ditas Anime Songs (gênero musical que compreende músicas de animes e também de tokusatsu) começariam a ser lançadas em LP, para alegria dos fãs.


Também no início daquela década, surgia Kamen Rider, produção baseada no mangá de Shotaro Ishinomori, a qual iria revolucionar não só o tokusatsu como também suas músicas.



Kamen Rider e seus sucessores contavam com as diferentes composições de Shunsuke Kikuchi e com vozes de grandes veteranos das Anime Songs como Ichiro Mizuki, Masato Shimon, Mitsuko Horie e Isao Sasaki. Os anos 70 pareciam ser mesmo uma década e tanto para as “Tokusongs”.


As séries contavam cada vez mais com uma maior quantidade de temas e as influências musicais iam aumentando, com destaque para o Rock e a Disco Music, estilo muito popular em todo o mundo naquele período. Por fim, em 1975 estreava Himitsu Sentai Goranger (Esquadrão Secreto Goranger), o primeiro Super Sentai da história. Mas nada é tão bom que não possa ficar melhor Eis que chegam os anos 80.


Os principais gêneros do tokusatsu eram representados pelas séries Ultraman 80 (1980), Kamen Rider Super 1 (1980) e Taiyou Sentai Sunvulcan (1981), essa última com suas músicas criadas por Chumei Watanabe, compositor conhecido pelas músicas de Mazinger Z (um dos animes de maior sucesso no Japão; 1972), Kikaider (1972), Inazuman (1973), Goranger (1975), JAKQ Dengekitai (1977), Spiderman (versão nipônica do super-herói americano; 1978), e inúmeros outros animes e tokusatsus.


O mesmo Chumei Watanabe seria o responsável pela parte musical de outro fenômeno que estrearia no ano de 1982: Uchuu Keiji Gavan (Policial do Espaço Gaban, como ficou conhecido no Brasil), percussor do gênero Metal Hero. O tema de abertura sob a voz poderosa de Akira Kushida é até hoje uma das músicas de tokusatsu mais lembradas pelos japoneses. Com Gavan, Watanabe deixaria os Super Sentai e passaria a trabalhar com os Metal Heroes.


Em 1985 faria toda a trilha sonora de Kyojuu Tokusou Juspion (o nosso Fantástico Jaspion), incluindo abertura, encerramento e o tema do Gigante Guerreiro Daileon, também na voz de Akira Kushida.


Ainda nos anos 80, as “Tokusongs” também receberiam influencias do Soul, do Pop (levemente), e até mesmo da música espanhola e do Jazz, nos casos respectivos de Kagaku Sentai Dynaman (1983) e Seiun Kamen Machineman (1984), este último graças ao renomado pianista Yuji Ohno Já na década de 90, com a consolidação do CD frente ao LP e com a febre mundial dos relançamentos de antigas músicas, muitas das canções de tokusatsu dos anos 50, 60 e 70 finalmente chegaram às mãos dos fãs, como, por exemplo, a abertura de National Kid, jamais lançada até então.


E mais surpresas estavam por vir. Em 1996, o Pop finalmente dá o ar da graça: o hit TAKE ME HIGHER, tema de abertura de Ultraman Tiga (na voz do grupo V6) se consagra como a primeira música de tokusatsu a alcançar o topo das paradas musicais nipônicas. A popularização das “Tokusongs” já era certa e crescente, mas mesmo com toda sua evolução ao longo de três décadas, algo parecia estar faltando.



Até 1999, as performances ao vivo das músicas de tokusatsu só eram realizadas em festivais específicos de Anime Songs realizados pelas gravadoras ou em apresentações dos cantores e bandas. Foi então que os mesmos produtores do show Super Robot Spirits (criado em 1998, contando exclusivamente com canções de animes de robôs gigantes) realizaram naquele ano o Super Hero Spirits, este 100% dedicado às músicas de tokusatsu com a presença dos próprios cantores dos temas.



O sucesso foi imediato e o show ganharia inúmeras edições que seguem até os dias de hoje. O Super Hero Spirits também pode ser visto como uma inspiração para shows nos mesmos moldes que viriam a acontecer nos anos seguintes fora do Japão.



E o maior exemplo disso é o Super Friends Spirits, que acontece durante o Anime Friends, o maior evento de anime/mangá/tokusatsu do Brasil, realizado anualmente desde 2003 em São Paulo. Dentre os artistas que já se apresentaram por aqui, podemos destacar Akira Kushida (Jiraiya, Jiban, Jaspion), MoJo (Goggle V, Machineman), Takayuki Miyauchi (Winspector, Solbrain) e Hironobu Kageyama (Changeman, Maskman).


Hoje em dia, especialmente no gênero Kamen Rider, vemos a presença maciça de verdadeiras celebridades da música Pop japonesa dando voz aos temas dos heróis, tais como ISSA, Nanase Aikawa e AAA. Mas o tradicional estilo das Anime Songs continua vivíssimo no tokusatsu.


E embora nós, fãs brasileiros, não possamos acompanhar na televisão as séries que tanto gostamos, ainda podemos sentir a nostalgia das antigas músicas e descobrir a beleza das novas, mantendo assim acesa a chama do tokusatsu no Brasil.


Hoje em dia, especialmente no gênero Kamen Rider, vemos a presença maciça de verdadeiras celebridades da música Pop japonesa dando voz aos temas dos heróis, tais como ISSA, Nanase Aikawa e AAA.


Mas o tradicional estilo das Anime Songs continua vivíssimo no tokusatsu. E embora nós, fãs brasileiros, não possamos acompanhar na televisão as séries que tanto gostamos, ainda podemos sentir a nostalgia das antigas músicas e descobrir a beleza das novas, mantendo assim acesa a chama do tokusatsu no Brasil.

VERSUS UMA BOA OPÇÃO!




Versus



As personagens do filme “Versus – A Ressurreição” não possuem nomes que as identifiquem, e apenas o herói da estória, interpretado por Tak Sakaguchi, tem uma breve referência como o “prisioneiro KSC2-303”. Tal poderá levantar dificuldades na leitura da sinopse, mas tentaremos dar o nosso melhor, como de costume.




Há 500 anos atrás, na “Floresta da Ressureição”, um jovem samurai luta contra um bando de zombies, conseguindo leva-los de vencida com a sua “katana”. A vitória não dura muito, pois o guerreiro depara-se com uma estranha personagem (Hideo Sakaki) que o assassina impiedosamente.


Tudo isto é assistido com atenção por outro samurai (Tak Sakaguchi). De volta ao presente, dois condenados fogem da prisão, e embrenham-se numa estranha floresta, tendo em vista alcançarem um grupo de yakuzas que os ajudem a completar a fuga.


Os gangsters esperam pelos foragidos, mas recusam-se a arredar pé, enquanto o chefe não chega. Um dos prisioneiros, “KSC2-303” (de novo Tak Sakaguchi), envolve-se numa altercação com os yakuzas, devido a uma rapariga (Chieko Misaka) que estes raptaram e decide, sem mais, fugir com ela pela misteriosa floresta.


Os yakuzas não se deixam ficar e resolvem ir no encalço dos jovens. Cedo o casal descobre que a floresta tem os seus tenebrosos segredos, encontrando-se infestada de zombies sedentos de sangue. O número de mortos-vivos aumenta exponencialmente, à medida que a matança grassa, e os falecidos acordam completamente alterados.


Quando o chefe Yakuza (outra vez Hideo Sakaki) finalmente chega ao local, segredos imemoriais começam a ser desvendados, e a verdade começa a vir à tona, estando intimamente ligada a um portal para um mundo paralelo que se encontra na floresta, e a um verdadeiro duelo imortal em que são intervenientes principais “KSC2-303” e o líder dos gangsters, constituindo a rapariga a chave essencial para a resolução da trama.


Com um misto de litros de sangue a jorrar, toneladas de violência gratuita, comédia q.b., zombies, uma floresta sinistra e misticismo a rodos, chega-nos um dos verdadeiros itens cinematográficos de culto do reino do sol nascente, “Versus – A Ressurreição”.


Sob a chancela do competente realizador Ryuhei Kitamura, responsável, entre outros, por “Aragami”, “Azumi, a Assassina” e “Godzilla: Final Wars”, obtemos um filme que nos deixa sem fôlego quase do princípio ao fim.



“Versus” tem o condão de congregar os amantes de vários estilos cinematográficos distintos, que vão desde o puro “gore”, a acção, as artes marciais, ao “chambara”, o oculto, etc. No entanto, devido à sua grande versatilidade e porventura a uma perigosa e pouco ortodoxa fusão de géneros, poderá afastar os mais tradicionalistas do seu visionamento.


Quanto a mim, tenho a dizer que agradou de sobremaneira! As cenas de luta são de ver e chorar por mais, quer se consubstanciem em trocas de golpes de espada ou de “pancada” à moda antiga (com auxílio de alguns guindastes admita-se), ou duelos infernais de tiroteio “à John Woo” em que as balas parecem nunca acabar. Não amiúde acontece tudo ao mesmo tempo, ou seja, katana, punhos, pés e balas!



Estamos pois, de certa forma, perante um verdadeiro “Gun-fu”, se me é permitida a designação. A caracterização das personagens encontra-se bastante boa, e só não vai mais além, pois em certos momentos podemos nos aperceber que estamos perante um filme que não teve um orçamento desafogado. Mesmo assim, os zombies estão aterradores quanto baste, e o dinheiro que havia deve ter ido metade para comprar litros e litros de sangue falso!


O guarda-roupa está muito “cool”, com o negro e o cabedal a marcarem a presença dominante, num registo que se assemelha a uma trilogia dos irmãos Wachowski que todos nós bem conhecemos. O cenário resume-se praticamente a uma floresta que parece ter sido retirada de “Blair Witch”, e que se assume como um fundo verdadeiramente claustrofóbico, apesar de ser um espaço aberto e ao ar livre.



A certa altura ficamos com a sensação que só existe a vegetação, as personagens e absolutamente nada mais! A banda-sonora consiste sobretudo em música electrónica, muito estilo “techno”, rápido o suficiente para acentuar as partes de acção. As melodias tradicionais marcam igualmente a sua presença, nos recuos da estória até ao Japão feudal.


Contudo, o realce aqui vai para os sons de fundo que acompanham o deambular das personagens pela “Floresta da Ressurreição”, que fazem aumentar o sentimento de reclusão e de suspense. O fim revela uma grande surpresa, e mais não digo! Este misto de “Evil Dead”, “Highlander”, “Matrix” e sei lá mais o quê, convém não perder!

LAST FRIENDS!






Last Friends



De um elenco de jovens atores com carreiras promissoras, chega-nos Last Friends, uma história nada diferente do que acontece nos dias de hoje. Aida Michiru (Nagasawa Masami) vive com a mãe, que acaba de trazer um homem para casa, e trabalha como assistente pessoal num salão de beleza onde é maltratada diariamente por uma das suas superiores.


Quando Michiru vai viver com o seu namorado Oikawa Sousuke (Nishikido Ryo), assistente social de apoio à criança, vê-se na companhia de uma pessoa totalmente diferente daquela que conhecia, tornando-se vítima de violência doméstica.


É assim que nos é apresentada a história, por um recuo no tempo, após termos visto uma Michiru grávida e a viver sozinha numa cidade litoral do Japão enquanto a ouvimos a escrever uma carta para a sua amiga Ruka.


Ruka (Ueno Juri) é amiga de infância da nossa protagonista, uma maria-rapaz que pratica MotoCross e espera um dia vir a ser tão veloz como os seus colegas do sexo masculino. Mas nem tudo é perfeito. Ruka carrega dentro de si um fardo demasiado pesado que nem à sua própria família ela tem forças para contar.


Last Friends é uma história de uns amigos que partilham a casa e se apoiam mutuamente, cada qual com os seus problemas, acompanhando as suas batalhas pessoais, que de outra forma poderiam ter tido um fim mais trágico.


Ao longo deste drama vamo-nos apercebendo dos dilemas psicológicos de cada personagem: como o namorado de Michiru, que apesar de acreditar ser a pessoa que mais a ama neste mundo, não consegue controlar os seus impulsos violentos, declarando que são apenas uma demonstração do seu amor; a indecisão de Michiru em abandonar ou não Sousuke, pois ainda nutre sentimentos por ele e insiste em afirmar que muito provavelmente é ele quem estará a sofrer mais no meio disto tudo;


Ruka, porque não se sente confortável com o seu próprio corpo e porque sente algo mais do que uma simples amizade por Michiru; Takeru (Eita) que tem aversão ao corpo feminino à conta de um trauma de infância e de Eri (Mizukawa Asami), que tem receio de ser abandonada pelos seus namorados.



É um drama que aborda problemas da nossa sociedade, um dos poucos que tenta retratar em profundidade temas como a violência doméstica e perturbação da identidade sexual.


É, principalmente, de valorizar as representações feitas por estes actores em papéis tão complicados. Aqui ganha destaque a de Ueno Juri, que é poderosa e destemida tal como a sua personagem, demonstrando um grande contraste com personagens interpretadas no passado, tendo como exemplo a personagem alegre e excêntrica de Nodame.


No entanto, a série peca um pouco por “arrastar” a história em alguns episódios, mas nada que se torne maçador a ponto de perder o interesse total pela história.



Foi sem dúvida o drama mais esperado e que mais deu que falar nesta Primavera (2008), sendo assim altamente recomendado para quem deseja uma história diferente do habitual mas 100% realista.