domingo, 23 de novembro de 2008

TOKUSATSU GANHANDO DESTAQUE NOS CINEMAS!







Daikessen! Cho Ultra 8 Kyodai encerrou sua primeira semana nos cinemas como a quarta maior bilheteria, repetindo o feito do rider vampiro quando da estréia de Kamen Rider Kiva: Makaijo no Ou. Porém, a grande façanha do ano até agora ficou por conta da dobradinha Den-O /Kiva em Climax Deka, que desbancou em sua estréia a criatura de Cloverfield do topo da parada, ficando na primeira colocação. Resta saber se os Ultrabrothers conseguirão romper a barreira de 4 semanas na lista das 10 maiores arrecadações, já que nenhum de seus amigos riders conseguiu ir além disso até o momento.

Mas tokusatsu no cinema não pára por aí, em outubro ainda teremos o que deverá ser a despedida definitiva de Den-O com seu terceiro filme "Farewell Kamen Rider Den-O: Final Countdown",a estreiar no próximo dia 4 e ainda o tão aguardado longa de Tomica Hero Rescue Force "Tomica Hero RESCUE FORCE Bakuretsu Movie: RESCUE OF THE MACH TRAIN", marcado para 20 de dezembro e previsto desde que iniciou a série.

TOKUSATSU PODE SER UM PROGRAMA EDUCATIVO?







A programação televisiva que é ofertada as crianças atualmente, tanto na TV aberta quanto na TV por assinatura, está remetendo vários setores da sociedade a uma discussão séria, em relação ao conteúdo dos programas que o público infantil está acompanhando. Pais, Escola e principalmente os profissionais mais céticos da área de educação, a qual eu mesmo me incluo, criticam ferozmente os desenhos animados e os programas de caráter infanto-juvenil exibidos nos canais da televisão por assinatura e da televisão estatal aberta.
Nesse quadro de extrema intolerância em relação à programação oferecida pela TV ao público infantil, as séries de Tokusatsu sofrem um preconceito ainda mais relevante.
Extremamente mal representadas atualmente na TV nacional, as séries de Tokusatsu se resumem basicamente as exibições de Power Rangers, na TV aberta (TV Globo) e na TV por assinatura, através do canal Jetix, antiga Fox Kids. As diferenças gigantescas entre nossos queridos Tokusatsu´s dos anos 80 e Power Rangers fazem com que os setores mais tradicionais da nossa sociedade, especialmente pais e escola, aumentem ainda mais sua antipatia por esse gênero televisivo, que vale lembrar, já não é bem visto desde os tempos da saudosa rede Manchete.
As críticas destinadas a Power Rangers são muitas, mas de um modo geral, todas terminam concordando em um ponto: eles não são “educativos”. Esse tipo de afirmação é comum entre os profissionais da área de educação (professores e pedagogos), e eu mesmo já ouvi amigos de profissão que acreditam estar fazendo uma “boa ação” as crianças, privando-as desse tipo de programação em sala de aula, mesmo nos momentos de lazer escolar, onde a exibição de vídeos é perfeitamente possível, desde que “contribuam” para a formação moral infantil, isto é, sejam “educativos”.
Por motivos pessoais diferenciados de professores e pedagogos, os pais também criticam Power Rangers, mas diferentemente da escola, que exclui totalmente esse tipo de programação de sala, os pais não proíbem os filhos de assistirem Power rangers em casa, apesar de abertamente não aprovarem o conteúdo da série.
Todavia, um fenômeno curioso acontece com relação aos críticos de Power Rangers. Pais e professores, em muitos casos lembram-se perfeitamente de séries como Jaspion, Changeman e Black Kamen Rider, ícones da TV Manchete dos anos 80, e traçam um paralelo entre essas séries e os Power Rangers atuais. Como afirmei anteriormente, o gênero de Tokusatsu já sofria preconceitos nos anos áureos de exibição da nossa TV aberta, e os mesmos conceitos que eram associados a Jaspion e Changeman são hoje associados a Power Rangers.
Os pais tendem a oferecer aos filhos aquilo que eles mesmos (pais) acham “educativo”; a escola seleciona para seu ambiente, aquilo que ela mesma (escola) considera “proveitoso” ofertar em sua grade curricular aos alunos. Esse é o ponto de vista mais comum, nos dois pilares na vida da criança. Apesar de todas as críticas levantadas, e por mais que essas críticas sejam justificadas, em relação a Power Rangers (não estou defendendo Power Rangers!), uma pergunta ainda fica em questão: se todos nós, tokufãns com 20 ou mais anos de idade, acompanhamos o auge do Tokusatsu na TV aberta e assistimos constantemente esse tipo de programação em nossa infância, então...Há algo de educativo, nas séries de Tokusatsu?Quero acreditar que sim. Essa é a pergunta-mãe, que orienta todo o projeto de mestrado em que estou trabalhando atualmente.



A investigação a que me proponho, tem o objetivo de localizar, os fatores educativos não apenas de Tokusatsu, que é o foco principal dessa matéria, mas também de desenhos animados de ação e aventura americanos (cartoons) e orientais (animes), acompanhados pelas crianças atualmente. Todavia, devemos voltar ao foco dessa discussão, que é exclusivamente a análise de possíveis fatores educativos nas séries de Tokusatsu. Então...Se Tokusatsu pode conter fatores realmente educativos...que fatores são esses? E se esses fatores existem, por que Tokusatsu é proibido no ambiente escolar, tão veementemente? As perguntas que envolvem Tokusatsu são muitas e devem ser respondidas com cuidado, e sem pretensões urgentes.



Inicialmente, acredito que as séries de Tokusatsu (até mesmo Power Rangers, mesmo sendo americanizada) são educativas principalmente do ponto de vista ético e moral. Logicamente, Power Rangers, não trabalha conceitos morais como ética, dignidade, coragem e confiança como nossas séries dos anos 80 trabalhavam, tão abertamente. Sendo apenas versões americanas dos Sentais japoneses, Power Rangers não consegue absorver completamente o caráter oriental de respeito aos atributos morais, e termina por distorcer valores como amizade e companheirismo através dos hábitos e costumes americanos.



Quantas e quantas vezes, nos emocionamos com as cenas dramáticas de batalhas épicas em Jiraya, Black Kamen Rider ou Flashman, em que nossos heróis deviam atingir seus próprios limites físicos sem abandonar suas crenças morais? É disso que estou falando, quando acredito que Tokusatsu pode ser trabalhado de uma maneira educativa e proveitosa em sala de aula, e não apenas lúdica. A justificativa de que as séries de Tokusatsu levam as crianças a comportamentos violentos, e que “esse tipo de série” em nada contribui para a formação moral das crianças, é vazia e sem referencial algum; trata-se de uma cautela hipócrita. Que me perdoem os pais, por mais “cuidadosos” que pretendam ser na educação dos seus filhos; e que me perdoem uma grande parcela dos professores (classe a qual pertenço) que procuram chamar atenção e enriquecer seus currículos através de críticas modistas em relação à programação midiática que é ofertada pela TV, nesse caso, Tokusatsu.



A moda da vez é analisar e criticar o que é ou não educativo na programação infantil; assim, muitos estereótipos são criados, principalmente em relação a Disney, classificando todas as produções dessa empresa como “ideais” para as crianças. Vale lembrar que a Disney coincidentemente é a atual produtora de Power Rangers, tão criticado por pais e escola... Nos últimos meses, essas foram às declarações mais comuns que encontrei, apresentando esse projeto de pesquisa no curso de Pedagogia ao qual sou graduado na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará.



As séries de Tokusatsu podem ser trabalhadas tendo como suporte os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN´s). Uma exibição de Power Rangers (acreditem...!) pode ser perfeitamente possível em sala de aula, se trabalhada de uma maneira não apenas lúdica, mas instrutiva, através de debates, por exemplo.



Os pilares de um debate desse tipo seriam principalmente o caráter dos personagens, e sua personalidade moral; tudo isso poderia ser trabalhado em sala através de uma dinâmica socializadora em grupo, na forma de uma conversa aberta onde o professor seria apenas o orientador das discussões, sempre instigando os alunos à discussão.



Não encaro Power Rangers como Tokusatsu propriamente dito, mas isso não me dá o direito de excluí-lo das vantagens que pode oferecer em sala de aula, assim como qualquer outra série do gênero. Provavelmente, as críticas destinadas às séries de Tokusatsu, por pais e escola irão prosseguir; mas essas críticas não possuem o poder de excluir previamente sem uma discussão aberta, as séries Tokusatsu do ambiente escolar. O conceito do que é ou não educativo é amplo e variável, independente do ponto de vista de cada um, mas a análise de algo antes de lhe atribuir uma sentença negativa é imprescindível.



Assim devemos analisar, antes de julgar uma programação televisiva como Tokusatsu educativa ou não; deve procurar mergulhar na essência de que é formado o programa, observando com atenção quais os fatores que estão guardados nas entrelinhas de 20 minutos de exibição que escapam aos olhos, mas que podem ser aproveitados, para fins educativos. Esse deveria ser o papel de pais, professores e da própria escola.